Universo paralelo

Taynara Gregório
2 min readDec 12, 2022

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Enquanto o piloto buscava colocar o avião na altitude necessária, fui surpreendida por Azul da cor do mar, do Tim Maia, que começou a tocar nos meus fones de ouvido. Lá em baixo, uma São Paulo cujo céu à noite parece ser dominado por uma névoa púrpura ficava cada vez menor. Achei tudo muito poético.

Me sinto muito bem no ar… segura. É como se, pelo tempo da viagem, eu entrasse em um universo paralelo só meu. Meus pensamentos nadam livremente no oceano do meu consciente enquanto olho para baixo e penso no quão pequena eu sou. Em como meus maiores problemas não importam tanto enquanto estou navegando entre as nuvens. Imagino como deve ser viajar até a estratosfera, como fiquei sabendo que a NASA faz.

Viajar sozinha é um presente que às vezes me dou e, por vezes, ganho do universo. Me sinto presenteada porque é um momento tão meu, onde me sinto tão presente, tão dentro de mim, que nada mais importa. Como se, aqui de cima, não houvesse nada pelo o que sofrer ou ansiar. Eu simplesmente existo de forma consciente, serena e em paz.

De vez em quando olho para os passageiros ao meu redor e tento adivinhar quem eles são. Invento histórias sobre o porquê deles também estarem nesse avião. Me pergunto se estão felizes ou tristes de estarem indo para o destino dessa viagem.

Depois de uma hora, o piloto avisa que estamos pousando e que chegamos à minha cidade. De acordo com ele, a temperatura lá fora está boa. Aqui dentro, também.

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Taynara Gregório

Jornalista e comunicadora | “Escrevo como quem manda cartas de amor”